quinta-feira, 24 de março de 2016

Por que tiramos a espontaneidade de nossas vidas?

De acordo com o dicionário, espontaneidade significa "qualidade de quem é espontâneo; facilidade com que alguma coisa se produz; aquiescência, condes­­cendência natural; naturalidade, singeleza".
Diante disto, pensaremos nas crianças antes de serem tolhidas. As crianças são a imagem da espontaneidade, verdade, vida, riso, alegria, instinto, imaginação, fantasia, liberdade, confiança, vivacidade, energia, dúvidas, respostas, entre tantas outras características inatas que poderiam ser citadas.
Faz parte da vida que as crianças sejam educadas e a elas mostradas o que é certo ou errado, e deveria de fato ser assim em todos os âmbitos, cultivando a ética, mas sem entrar nesse mérito no momento, o que gostaria de destacar é que muitas vezes para se educar, os adultos usam mais do que um apontamento do que se deve ou não fazer e em qual momento. Por acreditar que a criança não necessita de uma explicação do que está sendo ensinado, o adulto limita-se a dizer que não deve, não quer, não aceita.
A criança é capaz de perceber quando é entendida e considerada, e à medida que isso acontece adota aquele aprendizado como algo especial a ser levado em conta, encontrando no adulto a segurança que necessita para crescer firme e ao mesmo tempo respeitando a si mesmo e ao próximo.

Um exemplo: Quando a criança chora porque o adulto não deixou ela ir a uma festa porque este tinha outro compromisso e não poderia levar ou buscar, o comum é simplesmente dizer que a criança não vai e pronto, quando deveria se dizer que entende que a criança está triste por não poder ir, mas que naquele momento não tem o que fazer pois não poderia ir levá-la ou buscá-la.

Quando crianças ouvimos várias frases que ficam sem sentido: "Pára de chorar", "Meninos não choram", "Não pode rir alto", "Porque está rindo tanto, parece bobo", "Que coisa feia ficar emburrado", "Não corra", "Não pule", "Não cante", "Não dance", "Senta direito"....
Validar a criança desse sentimento que ela está percebendo em si é uma maneira de demonstrar amor e limite ao mesmo tempo, fazendo com que ela aprenda de uma forma muito mais suave que nem sempre pode-se ter tudo o que se quer na hora que se quer e apesar de ser um momento de frustração, o amor permanece, pois o adulto compreende e autoriza o que ela está sentindo, mesmo não podendo suprir de imediato a solicitação da criança. Perceber o outro, independente de sua idade, denota amor e respeito, o que faz com que as perdas da vida sejam muito mais suaves.
Quando há um acúmulo de frustrações e perdas sem sentido para a criança, na medida em que vão se acumulando, perde-se a espontaneidade e a alegria  já que a criança começa a acreditar que nada pode, nada consegue e passa a ter um sentimento de tristeza e derrota, tornando-se no futuro, um adulto insensível, fechado às emoções com menos graça e leveza.
Colocação de limite sem amor obstrui e calcifica sentimentos genuínos, reprimindo-os. Amor sem colocação limite é sentido como falta de amor, descaso e incompreensão.
Saber dar limite com amor é o segredo para educar de maneira satisfatória para que a criança compreenda quando o limite está sendo dado porque realmente não pode.

E afinal, o que tudo isso tem a ver com espontaneidade? 

Na verdade, tudo!

Nos adultos, a espontaneidade serve para termos uma vida mais leve, com menos sisudez e ao mesmo tempo com a responsabilidade que nos são exigidas. Os trabalhos voluntários ou involuntários e necessários poderiam se tornar mais prazerosos se colocarmos o sentimento junto, isso acontece quando fazemos algo por inteiro, sem ansiedade, sem cobrança de sermos todo-poderosos. Fazer uma tarefa e estar nela integralmente e lembrar de outra apenas quando acabar a primeira. Algumas vezes isso é utópico, mas colocando prioridades na lista de tarefas e fazendo uma a uma sem se preocupar com a próxima é a maneira mais gratificante de não sentir ansiedade e deixar com que as coisas aconteçam de forma natural. A graciosidade e harmonia virão espontaneamente.

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